A BYD, gigantesca montadora chinesa de veículos elétricos e híbridos, está revisando suas expectativas para 2025. Recentemente, a empresa anunciou um corte de até 16% na meta anual de vendas, reduzindo-a de 5,5 milhões para 4,6 milhões de veículos.
Esse movimento sinaliza que o ritmo ascendente dos últimos anos pode estar desacelerando — e traz consigo uma série de implicações para o mercado automotivo global.
Neste artigo, vamos analisar os motivos da mudança, os impactos esperados e o que pode vir pela frente para a BYD e para o setor de veículos elétricos.
Motivos do recuo na meta
1. Queda nas vendas recentes
De acordo com a InsideEVs, em setembro de 2025, a BYD registrou uma queda de cerca de 5,5% nas vendas de veículos de nova energia (NEVs) em relação ao ano anterior. Essa foi a primeira retração mensal desde fevereiro de 2024. No trimestre (julho a setembro), as vendas sofreram queda de 2,1% ano a ano — algo que não acontecia desde o segundo trimestre de 2020.
2. Pressão da concorrência e saturação doméstica
O mercado chinês de veículos elétricos está cada vez mais competitivo. Novas montadoras locais têm ganhado espaço, produtos substitutos e preços agressivos pressionam margens. Além disso, pode haver sinais de saturação em determinados segmentos, especialmente nos híbridos plug-in (PHEVs), cujas vendas da BYD caíram significativamente.
3. Regulamentações e controle de guerras de preço
A BYD foi alertada pelas autoridades chinesas para que evite “guerras de preço” excessivas, dadas as preocupações regulatórias sobre competição predatória. Ao invés de reagir ao enfraquecimento da demanda com cortes agressivos de preço, a empresa optou por ajustar sua meta.
4. Lucros mais baixos e margens pressionadas
Nos resultados recentes, a BYD já apresentou queda nos lucros trimestrais — a primeira retração em mais de três anos (InfoMoney). Menor receita ou pressão sobre a margem tornam mais difícil sustentar metas ambiciosas.
Impactos da redução da meta
Impactos para a BYD
- Planejamento e produção revisados: fábricas podem operar abaixo da capacidade planejada; controles de estoque e logística precisam ser reajustados.
- Menor risco de superprodução: ao moderar expectativas, a BYD reduz o risco de estoques encalhados e perdas com veículos não vendidos.
- Foco maior nas exportações: com o mercado doméstico menos promissor, a BYD tende a mirar ainda mais nos mercados internacionais. Já existe projeção de que exportações representem cerca de 20% das vendas em 2025.
- Pressão em inovação e diferenciação: com margens mais apertadas, a empresa precisará destacar-se por tecnologia, eficiência ou novos modelos para manter vantagem competitiva.
