A história da BYD
Embora a BYD seja agora conhecida como uma gigante dos automóveis elétricos, sua atuação está presente em muitas áreas, desde baterias à mineração e semicondutores, o que é a grande razão por detrás do seu sucesso.
A empresa foi fundada pelo químico Wang Chuanfu, em 1995, na cidade de Shenzhen, no sul da China. Iniciou com modestos 20 funcionários e 2,5 milhões de yuans chineses de capital, ou equivalente a R$1.700.000,00 aproximadamente.
Em 1996, a BYD começou a fabricar baterias de íons de lítio, do tipo usado em celulares e smartphones, que coincidiu com o crescimento do uso e adoção da telefonia celular com maior foco em conectividade. Logo, seus principais clientes eram as gigantes Motorola e a Nokia em 2000 e 2002, respectivamente. Outro fato relevante foi a entrada na Bolsa de Valores de Hong Kong, aproveitando também o sucesso em baterias de íon-lítio e seu uso em dispositivos, principalmente portáteis.
A BYD na indústria de automóveis
Em 2003, a BYD adquiriu uma pequena montadora chamada Xi’an Qinchuan Automobile. Somente após dois anos, lançou seu primeiro veículo, chamado F3, que era um modelo a combustão. Com o andamento de pesquisas e desenvolvimento, chegou em 2008 o modelo F3DM, que era um veículo elétrico híbrido plug-in.
Naquele mesmo ano, a Berkshire Hathaway de Warren Buffett aportou um investimento equivalente na época a 230 milhões de dólares. Isso deu um impulso às ambições da BYD em relação aos carros elétricos. A companhia continuou a ganhar espaço na manufatura e comercialização de veículos elétricos, mas a grande mudança aconteceu em 2020, com o lançamento da bateria Blade, dada como a principal alavanca para o crescimento da BYD em veículos elétricos.
É uma bateria do tipo lithium iron-phosphate – LFP ou fosfato de ferro-lítio. A BYD investiu no desenvolvimento próprio, pois naquele tempo outros fabricantes de baterias estavam abandonando-as por conta da baixa densidade de energia versus peso, ou seja, eram pesadas demais para a quantidade de energia que eram capazes de fornecer. Este desenvolvimento culminou numa boa densidade de energia e, principalmente, em altos níveis de segurança contra incêndios. O primeiro veículo a receber o conjunto é o sedan esportivo HAN.
A BYD então colocou a bateria Blade nos modelos subsequentes que lançou. Foram comercializados 130.970 veículos 100% elétricos da marca, em 2020. Em 2023, a empresa vendeu 1,57 milhão!
O que está por trás do sucesso da BYD?
Pode-se afirmar que a grande responsável seja a bateria Blade, os investimentos estratégicos realizados e o fato de ter outros ramos de negócios além dos de automóveis. Outra situação está relacionada ao lançamento inicial de veículos híbridos do tipo plug-in, além dos puramente elétricos. Esta estratégia permitiu à BYD ganhar o mercado quando a infraestrutura de carregamento não estava confiável e os usuários não tinham a percepção clara das vantagens de uso dessas tecnologias.
Apoio governamental
Como fator de sucesso, o governo chinês contribuiu para a adoção dos veículos elétricos através de subsídios de incentivo os compradores de carros elétricos, além de apoio estatal à indústria (entenda-se financeiro). Estas medidas começaram em 2009, na mesma época em que a BYD procurava aumentar a sua aposta nos veículos eléctricos.
Ambições globais
Depois de dominar o mercado de veículos elétricos da China, a BYD está avançando rapidamente por todo o mundo, comercializando seus carros em vários países, desde os Emirados Árabes Unidos, EUA e Reino Unido.
Em julho de 2023, a empresa anunciou um investimento aproximado de R$3 bilhões, destinado a instalar três linhas de produção, localizadas em uma fábrica anteriormente de propriedade da Ford, em Camaçari, na Bahia. Este vai ser o maior polo industrial da BYD fora da China. A BYD comercializa no Brasil uma variedade de veículos elétricos, incluindo empilhadeiras, vans, caminhões, furgões e automóveis. A primeira geração de veículos que desembarcaram no Brasil, contava com dois modelos, E5 e E6, destinados somente para pessoas jurídicas. Em seguida, a van ET3 também foi apresentada, também com exclusividade para o perfil PJ. Mas nos anos recentes que a BYD apresentou, de forma avassaladora, uma linha completa de novos veículos elétricos. A empresa segue surpreendendo com a apresentação de novos veículos e novas versões, com recordes sucessivos de venda. De acordo com os dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico – ABVE, foram comercializados 17.947 carros da marca, representando um volume quase 70 vezes maior, em comparação com as 260 unidades comercializadas ao longo do ano de 2022.
Curiosidade: Frota naval própria para transporte dos veículos
A BYD apresentou recentemente seu primeiro navio de carga, com capacidade para transportar 7.000 veículos. Batizado de Explorer n.º 1, a embarcação solidifica ainda mais a integração vertical da BYD e sua posição como líder global na fabricação de veículos elétricos. Ainda há a previsão para mais sete embarcações, equipadas com baterias de armazenamento de energia e sistemas geradores. O diferencial deste navio é a adoção de um sistema de propulsão bicombustível a gás natural (GNL)/combustível, marcando um movimento notável em direção a soluções energéticas mais limpas no transporte marítimo. Além disso, a embarcação incorpora pela primeira vez um sistema de bateria e um gerador de eixo. O design do navio também inclui recursos de economia de energia, como dispositivos de eficiência energética, medidas de redução de arrasto e pintura anti-incrustante. O navio possui comprimento de 199,9 metros, largura de 38 metros, calado de projeto de 9 metros e velocidade de projeto de 18,5 nós (34,3 km/h).